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Nunca fui um apaixonado pela vida selvagem. Aquela coisa de assistir a caçadas de leões, e rituais de acasalamento entre gnus, interessava-me tanto como ter o Quim Barreiros a tocar um acordeão com sons da quinta, no meu quarto ao domingo de manhã. Ok,.... A vida selvagem era menos interessante… A única vez que assisti a um documentário deste género, vi que alguns animais se besuntam nos seus próprios dejectos para se tornarem mais atractivos para o sexo oposto. Pena não me terem dito que não funcionava com pessoas. ACABOU, nunca mais vi nenhum. A verdade é que sem me dar conta estava a abrir uma lacuna grave na minha formação como homem. Sei o que posso esperar de um leão faminto, sei que um gnu nunca aceitará acasalar comigo, mesmo que lhe ofereça flores ou chocolates; mas desconhecia completamente a capacidade que os lobos tinham de se disfarçarem de cordeiros. De certeza que num dos episódios a que não assisti falaram desta capacidade de camuflagem. Durante a juventude e uma pequena parte da vida adulta, nunca senti a falta que estes documentários me faziam. Agradecia até não ter perdido tempo a vê-los, tempo extraordionáriamente escasso para coisas mais importantes como... como... como... bom, é verdade que nunca fiz nada de importante e que tempo era coisa que não me faltava. Na maioria das vezes ficava horas a fio deitado na cama a olhar para o tecto, a ver as estrelas e os elefantes cor de rosa com asas. O meu pai preocupado com estas visões disse-me muitas vezes para deixar de beber refrigerantes. Eu nunca lhe disse a verdade, se ele soubesse que o dealer cortava as drogas ainda era capaz de se travar de razões com ele. Mas estava a falar de lobos com pele de cordeiro não era? Ora bem, aos 29 anos descobri que estes cães selvagens eram capaz de vestir a pele de cordeiro, e, para essa descoberta revolucionária muito contribuiu o meu casamento. Sim, casei-me... queriam o quê?! Que ficasse a vida toda a espera que o parlamento aprovasse os casamentos entre homens e gnus?! Mais valia ter esperado. Mas uma coisa é certa, nunca teria tido a hipotese de escrever este livro e vocês perderiam a oportunidade única de saber, que um dia, me passou pela cabeça a ideia de ter o Quim Barreiros, ao domingo de manhã no meu quarto a tocar acordeão com sons da quinta.... pior, que achei essa ideia interessante! Pois é... casei-me... e como se esta decisão não fosse por si só bastante estupida, fi-lo sem conhecer a familia da minha suposta cara metade. Sim, é aqui que entram os lobos com pele de cordeiro. Aiii... se eu tivesse casado com o gnu... provavelmente a minha sogra tinha sido comida por leões esfomeados e eu teria sido feliz. Feliz como nos contos de fadas, aqueles contos em que um rapaz apaixonado por uma rapariga decide pedi-la em casamento. Daqueles contos de fadas em que ela responde com um frio: - não , não quero casar contigo... E então o rapaz passou a ir ao futebol todos os domingos, a pesca, a caça, a beber copos com amigos e comeu todas as gajas que quiz vivendo desta forma feliz para sempre.... Eu até podia ter sido feliz, este casamento até podia ter resultado, tinha tudo para ser assim até ao dia em que o primeiro lobo apareceu. Tratava-se da matriarca da alcateia, com uma insaciavel vontade de morder alguém ou algo. Ainda lhe atirei uma bola para ela ir buscar, mas.... ela não foi... e então percebi que ela queria mesmo morder alguém e que esse alguém só poderia ser eu. Sim eu sei, a maioria ja me está a chamar convencido, mas a verdade é que eu sou mesmo apetitoso...